sábado, 7 de março de 2009

Dedicação e espírito de ajuda

Um exemplo, que me mostrou não ser a cor da pele que define se uma pessoa é melhor que outra, foi a acção do soldado Cachambala, quando fui acometido de febre altíssima, causada por uma amigdalite.
Havia recorrido aos serviços médicos do quartel, para tratamento, e foram-me prescritos alguns medicamentos.
O seu efeito não foi tão rápido que impedisse uma situação febril, como nunca havia experimentado e que até me fez delirar.
Quase não conseguindo pôr-me em pé, fiquei acamado em casa.
Estava incumbido da sua limpeza o soldado Cachambala, de raça negra, que também pertencia ao PAD.
Para desempenhar essa tarefa, era trazido pelo jipão que o Braguita conduzia e que todos os dias, pela manhã, vinha buscar-nos para entrarmos ao serviço.
Enquanto estávamos ausentes, fazia o Cachambala a limpeza, regressando ao quartel no final do serviço, ainda de manhã.
Nesse dia, porém, não regressou ao quartel, nem passou por casa do Chefe Carvalho, onde tinha de tratar outro assunto.
Foram então procurá-lo e, contaram-me depois, dão por ele de vigília junto a mim.
Quando lhe perguntam porque se encontra ali, respondeu: o furriel Roxo não está bem e eu tenho de estar aqui para lhe acudir se for preciso.
Foi um gesto que nunca esqueci, como prova de uma dedicação e espírito de ajuda não muito vulgares.

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