domingo, 29 de março de 2009

A mobilização para Angola - 1967

A formação do Pelotão fez-se no Entroncamento, ali se juntando os militares que viriam a marchar para Angola, cumprindo uma missão dita patriótica, mas que para quase todos não era mais do que o drama da mobilização para a guerra das antigas colónias.

De início estiveram:

Comandante:
Carlos Eugénio de Oliveira Carvalho – Tenente

Sargentos:
José Maria Maia de Oliveira – 1º. Sargento
Fernando Augusto Faria Cardeal – 2º. Sargento
Marcelino José Pinheiro Rodrigues – 2º. Sargento
Carlos Alberto da Cruz Conceição – Furriel Miliciano
Ramiro Manuel Marques Ferreira – Furriel Miliciano
José Monteiro da Silva – Furriel Miliciano
Álvaro Roxo Vaz – Furriel Miliciano
Mário Manuel Dâmaso Covão Baptista – Furriel Miliciano
Miguel Joaquim dos Santos Anjos – Furriel Miliciano

Praças:
Delfim Custódio de Jesus – 1º. Cabo
Manuel Pimentel Osório – 1º. Cabo
Fernando Batista Vieira- 1º. Cabo
Valdemar Ferreira Carvalho – 1º. Cabo
José Vicente Gomes Estima – 1º. Cabo
António Pinto Amaral – 1º. Cabo
João da Conceição Guilherme – 1º. Cabo
Francisco Taveira de Castro – 1º. Cabo
Duarte Nogueira Pereira – 1º. Cabo
Manuel Joaquim Dias Oliveira – 1º. Cabo
Francisco Silva António – 1º. Cabo
António Rodrigues Monteiro – 1º. Cabo
Joaquim de Oliveira S. Martinho – 1º. Cabo
Dário José Rosa Dias – 1º. Cabo
José Manuel de Jesus Maravalhas – 1º. Cabo
Manuel Zacarias Miranda da Silva Soldado – 1º. Cabo
Manuel Maria da Silva Gaspar – Soldado
Henrique da Silva Henriques – Soldado
Carlos Alberto Lopes dos Santos – Soldado
Armando de Sousa Marques – Soldado
Avelino de Sousa Pinho – Soldado
Victor Gonçalves Fernandes Dias – Soldado
Martinho Augusto Costa Moutinho – Soldado
Joaquim Pereira Pinto – Soldado
Manuel Joaquim Rodrigues Pereira – Soldado
Domingos Fernando Neves de Oliveira – Soldado
Amílcar Cândido de Jesus Estêvão – Soldado
Orlando Lopes – Soldado
José da Conceição – Soldado
Manuel de Jesus Silva – Soldado
Delfim Filipe – Soldado
António José Rebocho – Soldado
José Manuel Tavares Durães – Soldado

Durante o tempo de permanência no Entroncamento fomo-nos conhecendo, havendo a distribuição de algumas tarefas, consoante as especialidades de cada um.
Coube-me a tarefa de desenhar o símbolo que havia de identificar o Pelotão, segundo as sugestões do Comandante Carvalho.
Procurando que o princípio da lealdade imperasse entre todos, passámos a designar-nos de Os Leais, encimando o listão com o lema “o trabalho é a melhor distracção”, também preconizado pelo Comandante.
E é nesta base que são mandados fazer galhardetes e emblemas.
Entretanto, vão sendo conhecidos alguns casos pessoais que passam a ser tema de conversa, como é o caso do nascimento do filho do Miguel Anjos, que quase chega aos dez meses sem nascer, gerando no pai uma expectativa que se transmitiu a todos nós, dado que se aproximava a data do embarque.
Mas outros casos e comportamentos foram sendo conhecidos, como o de um elemento de outro pelotão, com a curiosidade de ter contraído matrimónio nessa altura e que, a dormir, relatava em voz alta todos os pormenores do acontecimento.
Enquanto permanecemos no Entroncamento, pela mão do soldado Gaspar, um outro companheiro se juntou a nós: o cão que havia de ser baptizado com o nome de “leal” e nos acompanhou até Angola.

Depois de formado o pelotão e após algumas notícias não confirmadas ou mesmo contraditórias, chega finalmente o dia de embarque.
Em casa, minha mãe vivia um longo período de doença, destruindo em mim a coragem de dizer que partiria para Angola, passado pouco tempo.
Só a uma irmã disse o que estava passar-se, de modo que me ajudasse a preparar a bagagem que havia de levar, sem que a mãe se apercebesse.
E foi depois de comer uma canja de galinha, regada com muitas lágrimas e em profundo silêncio, que disse “até para a semana” e parti para a viagem até Angola.

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