quinta-feira, 5 de março de 2009

A homenagem sem o homenageado

Mas vale a pena contar mais um episódio sobre a Grandeza do Homem que tivémos como Comandante, do quanto detestava a hipocrisia e de como protegia os seus comandados.
Sensivelmente a meio da comissão, chegou a Salazar o novo Capelão militar, um meu antigo chefe escuteiro de nome António Paulo Frade, que passou a dar-se muito bem com o Comandante Carvalho.
Em conversa com ele, este disse-lhe ter condenado os comentários pouco simpáticos, se não mesmo corrosivos, que os tais outros oficiais faziam a seu respeito.
Ora, quando no final da comissão e seguindo uma praxe, lhe dizem estar a ser preparada uma homenagem com festa de despedida, a sua reacção foi a de condenar a hipocrisia de quem tanto mal dizia de si e agora lhe preparava uma festa, na qual estariam presentes as mais altas patentes do sector militar em que nos encontrávamos.
Decidiu por isso que ele, homenageado, não estaria presente.
E foi o que aconteceu, embora levando-o a uma crise nervosa que lhe causou cãibras nos membros inferiores, durante a noite que antecedeu a viagem para Luanda.
Uma noite de denso cacimbo, em que da rua ouvi a voz do Chefe Carvalho, que na altura já não tinha a família consigo, a chamar pelo meu nome e pedindo para que fosse buscar imediatamente o enfermeiro, para lhe prestar assistência.
Que outro – que não o Chefe Carvalho – teria a coragem de tomar tal atitude ?

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